terça-feira, 8 de maio de 2012

Deixa eu crescer, mãe?




Toda noite a cena se repete: seu filho, que já não é mais nenhum bebê, quer dormir na cama dos pais. Ou, na hora de ir para a escola, começa a chorar e não larga de jeito nenhum a barra da sua calça. É neste momento que oditado “as mães devem criar os filhos para o mundo” deve começar a ser aplicado para que as crianças iniciem o processo de descoberta de si mesmo...e do que há ao ser redor.
Este comportamento está relacionado à maneira que os pais lidam com os filhos. Se você integra o time das mães que mimam além da conta os pequenos, pode estar atrapalhando o seu filho a dar os primeiros passos paraser uma pessoa independente no futuro. “Um exemplo clássico é quando a mãe nina seu bebê no colo. É um engano pensar que ele só vai dormir seestiver aconchegado junto a você: esta é uma necessidade dos pais. O mesmo acontece quando a criança chora durante a noite. Os pais arrumam uma desculpa e a levam para o quarto deles. O correto seria ir até o quarto dela,verificar o que está acontecendo e ficar em sua companhia até que se acalmee volte a dormir”, ensina Sirley Santos Bittú, psicóloga da Clínica Self Care.
O psicólogo Walter Fernando da Silva tem a mesma opinião de Sirley. Para ele, acostumar os filhos a dormir na cama dos pais não é nada saudável. “É importante delimitar o espaço entre você e o seu filho. Na hora de dormir, leve-o até a porta do quarto dele. Só entre se ele o convidar: este é o primeiro sinal de que respeita o território do seu filho. Depois, coloque-o nacama e se despeça”, aconselha o especialista. O mesmo vale para o seuquarto: deixar a porta encostada faz com que a criança saiba que ali é outro cômodo. “Acostume o seu filho a sempre bater na porta do seu quarto e, se nomeio da noite ele aparecer, pergunte o que está havendo. Se for manha, leve-onovamente para o quarto e faça- o dormir”, completa Walter.

Atividades mais simples também devem ser estimuladas. Quer um exemplo? Seu filho deseja comer uma banana e pede para você pegá-la. Mas o pequenojá alcança perfeitamente a fruteira. “Diga para ele buscar o que quer. O maiorerro dos pais é essa dependência excessiva de achar que a criança precisa aprender primeiro para depois colocar em prática. Isso não é verdade! Errar também faz parte do processo e você deve estar ali, ao lado da criança, paraorientá-la. Pais superprotetores fabricam filhos inseguros. Se você sempre fizer o papel de super-herói para o seu filho, ele vai se achar incapaz”, opina apsicóloga.

Os primeiros sinais do apego excessivo pelos pais aparecem numa situaçãocorriqueira do dia a dia. Um bom exemplo é o primeiro dia das crianças naescola: a sensação de abandono se dá justamente pela ausência dos pais no colégio. Hilda Campos, coordenadora pedagógica do Jardim Escola Cisne Branco, explica como isso ocorre: “É normal que a criança apresente medo ao chegar na porta da escola. Os profissionais devem entender essa atitude. Aqui, nós procuramos não causar traumas nas crianças. Se o filho apresentar resistência, nós pedimos que o pai entre e fique com ele num ambiente bastante lúdico, com brinquedos e ao ar livre. Aos poucos, os professores entram na brincadeira e conquistam a confiança dos pequenos”, explica.

Para a coordenadora, outra maneira de incentivá-los é justamente nasatividades mais simples, como no momento do lanche ou na ida aobanheiro: “Se a criança apresentar dificuldades para manusear os alimentos, nós ajudamos, mas sempre estimulando que façam a tarefa sozinhos”,acrescenta a coordenadora. Para Hilda, nada mais gratificante do que perceber os sinais de independência no processo da educação. “É ótimo quando as crianças demonstram que a presença do adulto, apesar de necessária, nãoé indispensável em alguns momentos. Esse sinal é facilmente identificado quando não solicitam nossa presença a todo o momento”, comemora.

E até mesmo crianças mais independentes podem desenvolver algum tipode comportamento mais apegado aos pais. Foi o caso de Gabrielle, de seis anos, filha da dona de casa Valéria da Silva, que não queria mais sair dacama dos pais. “Essa atitude me surpreendeu porque a minha filha sempre foi uma criança independente. Com isso, eu e meu marido tivemos a ideia de reformar o quartinho dela e combinamos que, assim que tudo estivesse pronto,ela voltaria a dormir lá. A Gabi aceitou, pois tem facilidade em concordar com algumas imposições justamente por ser dona de si mesma”, elogia.

Para Sirley Santos Bittú, não existe uma fórmula pronta. Mas o principalsegredo é a forma de como você estimula o seu filho no cotidiano. “Eles vão precisar dos pais pelo resto da vida, mas de maneiras diferentes. Os pais não devem ter medo de deixar o filho se tornar um indivíduo independente”, finaliza.
Fonte: Bolsa de Mulher

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